Em um fim de tarde de um domingo chuvoso, ligar para o cara e dizer que quer fazer uma entrevista com ele, na casa dele e o mais rápido possível. Foi o que fiz com Sandro Sottilli, após a partida do Brasil pela Série C. Para meu espanto, o goleador me recebeu com um largo sorriso, em um apartamento no centro de Pelotas. Mas vai perguntar a um goleiro gaudério se vê em Sandro essa simpatia toda? Aos 35 anos, já marcou mais de cem gols em campeonatos gaúchos da primeira divisão e calcula ter cerca de 400 na carreira. Pelo Pelotas, já fez 35 (nove nesta Segundona), e é a esperança de gols para a partida de logo mais à tarde contra o Cerâmica.
Confira a entrevista com Sandro Sottilli.
A direção do Pelotas deu total prioridade à Segundona, deixando de lado a série D do Brasileiro. Aumenta a responsabilidade? Como estão os preparativos para a partida contra o Cerâmica?
O Pelotas em todas as competições entra pra ganhar, pela torcida que tem, por tudo aquilo que representa no futebol gaúcho. Mas humanamente é difícil tu jogares duas competições, jogando quarta e domingo. Então, claro que a prioridade foi a Segunda Divisão, acredito que seja a competição mais interessante. Na série D só jogamos a primeira partida com a equipe titular, então a ambição do clube agora é buscar o acesso à primeira divisão.
Como tu analisas a equipe do Cerâmica?
Sempre que a gente tem jogado com o Cerâmica, tem sido jogos bastante equilibrados, desde o ano passado, quando a gente ganhou a Copa Lupi Martins, derrotando eles na final. Esse ano a gente venceu lá em Gravataí, um a zero, e acabou perdendo aqui, dois a um. São jogos sempre definidos no detalhe e essa fase da competição tem um equilíbrio muito grande. Estamos bem focados, e jogando em casa temos a obrigação de tentar buscar a vitória.
Vai ter casa cheia?
Esse é o pensamento. Os dois últimos jogos tiveram média de 7, 8 mil pessoas. A gente espera que o tempo colabore também. Mesmo sendo um jogo à tarde, acho que tem favorecido porque as aulas não começaram, então estão indo muitas criança, muitas mães.
Tu que já rodaste o Interior do Estado, qual a diferença que a cidade de Pelotas com as torcidas e para o jogador?
Aqui em Pelotas é diferente de qualquer outro lugar. Eu acredito que talvez, não só no RS, mas no Brasil. São clubes que têm uma torcida muito apaixonada, tanto o Pelotas quanto o Brasil. Torcida que vibra e torce muito para os clubes da cidade e não por clubes da Capital. Então, cria essa rivalidade sadia entre as duas torcidas e o profissional que passa por aqui fica marcado para sempre. Acredito que nesse momento que vivemos no Pelotas, podemos ficar marcados na história do clube. Então espero que a gente possa coroar essa passagem pelo Pelotas.
Como é tua relação com o Pelotas? Tu já passaste várias vezes pelo clube?
Não. Ano passado foi minha primeira passagem. Acabei disputando a Segunda Divisão, mas não conseguimos o acesso. Depois disputamos a Copa Lupi Martins e fomos campeões. Esse ano disputei o Gauchão pelo São José e depois voltei para cá com o objetivo de levar o Pelotas para a primeira divisão. Já marquei 35 gols com a camisa do Pelotas. O torcedor tem uma admiração, um carinho muito grande por mim, como eu tenho por ele também.
Como está teu contrato com o Pelotas?
Meu vínculo vai até o final da competição, dia 23. Depois não sei o que vai acontecer, se o Pelotas vai disputar a copa no segundo semestre, ou vai ficar parado.
Já pensas em parar?
A gente pensa sim, nunca se sabe. Mas até o momento em que tu estiver bem, com vontade de treinar, que o telefone toca e são times querendo que tu vá jogar, tem que manter. Acho que aqui no futebol gaúcho esse ano, tirando quem sabe o Taison, eu sou o maior goleador. Fiz treze no Gauchão, mais nove agora. Então é continuar fazendo gols, tendo a felicidade de não ter lesões – que é o que ajuda o atleta com uma certa idade.
O que um centro-avante precisa ter para ser um dos maiores da história do futebol gaúcho?
Tentar fazer sempre o melhor. Esse ano cheguei a cem gols em campeonatos gaúchos de primeira divisão. Acho que sempre buscar um objetivo em cada campeonato que disputa. Eu quero ser sempre o melhor na minha posição. Todas as vezes que eu acordo de manhã, vou para o treinamento pensando em fazer o melhor.
E quanto às características dentro de campo?
Centro-avante sempre tem que fazer gols, não tem muita escolha. Claro que às vezes muda muito de um atacante para um centro-avante, pelo porte físico. Às vezes velocidade, ou mais posicionamento. Eu com tempo aprendi que o posicionamento é muito importante. Aprendi com a experiência que não é bom tu apenas correr atrás da bola, às vezes é melhor tu esperar ela no momento certo.
Tu te lembras todos os clubes por que passou?
Olha, foram vários. Comecei no Ypiranga, de Erechim, em 96. Em 97, fui para o Internacional. Em 98, Juventude e Caxias. Noventa e nove, Ceará. No ano seguinte, joguei no futebol chinês. Em 2001, no Etti Jundiaí, que hoje é o Paulista. Em 2002, no 15 de Campo Bom e depois no futebol chinês de novo. Em 2003, joguei no 15 de Campo Bom. Em 2004, joguei no Glória, de Vacaria, depois fui para o futebol mexicano, onde fiquei até 2007. No segundo semestre, voltei para o Caxias. Em 2008, Veranópolis e depois Pelotas; e em 2009, São José e agora Pelotas de novo.
Que clubes tu jogaste no México?
Fui para o Necaxa, depois joguei no Jaguares, no Dorados e no Leon. Fui bem. Não fui goleador de nenhum torneio, mas chegamos numa final de campeonato mexicano. Foi muito bom para mim, o lado de conhecimento. O lado financeiro também foi muito bom.
E na China, como foi?
A China é um pouco mais complicado, por causa do idioma. Mas foi bom também. É um povo que acolhe muito bem o estrangeiro e gosta muito do futebol brasileiro. Nas duas passagens que estive lá acabei também fazendo gols e chegando às finais dos campeonatos. São coisas que ficam marcadas para sempre e que somente o futebol pode proporcionar.
Qual tu consideras teu melhor momento na carreira?
Acho que o melhor momento foi em 2004, quando estava no Glória e acabei fazendo 27 gols no Gauchão.
Matéria tirada do site: http://impedimento.wordpress.com/2009/08/11/terror-dos-barbantes-gauderios/ Trabalho de Felipe Prestes, cobaia da ImpedCorp no projeto piloto de financiamento de reportagens pelos rincões do Brasil.
Confira a entrevista com Sandro Sottilli.
A direção do Pelotas deu total prioridade à Segundona, deixando de lado a série D do Brasileiro. Aumenta a responsabilidade? Como estão os preparativos para a partida contra o Cerâmica?
O Pelotas em todas as competições entra pra ganhar, pela torcida que tem, por tudo aquilo que representa no futebol gaúcho. Mas humanamente é difícil tu jogares duas competições, jogando quarta e domingo. Então, claro que a prioridade foi a Segunda Divisão, acredito que seja a competição mais interessante. Na série D só jogamos a primeira partida com a equipe titular, então a ambição do clube agora é buscar o acesso à primeira divisão.
Como tu analisas a equipe do Cerâmica?
Sempre que a gente tem jogado com o Cerâmica, tem sido jogos bastante equilibrados, desde o ano passado, quando a gente ganhou a Copa Lupi Martins, derrotando eles na final. Esse ano a gente venceu lá em Gravataí, um a zero, e acabou perdendo aqui, dois a um. São jogos sempre definidos no detalhe e essa fase da competição tem um equilíbrio muito grande. Estamos bem focados, e jogando em casa temos a obrigação de tentar buscar a vitória.
Vai ter casa cheia?
Esse é o pensamento. Os dois últimos jogos tiveram média de 7, 8 mil pessoas. A gente espera que o tempo colabore também. Mesmo sendo um jogo à tarde, acho que tem favorecido porque as aulas não começaram, então estão indo muitas criança, muitas mães.
Tu que já rodaste o Interior do Estado, qual a diferença que a cidade de Pelotas com as torcidas e para o jogador?
Aqui em Pelotas é diferente de qualquer outro lugar. Eu acredito que talvez, não só no RS, mas no Brasil. São clubes que têm uma torcida muito apaixonada, tanto o Pelotas quanto o Brasil. Torcida que vibra e torce muito para os clubes da cidade e não por clubes da Capital. Então, cria essa rivalidade sadia entre as duas torcidas e o profissional que passa por aqui fica marcado para sempre. Acredito que nesse momento que vivemos no Pelotas, podemos ficar marcados na história do clube. Então espero que a gente possa coroar essa passagem pelo Pelotas.
Como é tua relação com o Pelotas? Tu já passaste várias vezes pelo clube?
Não. Ano passado foi minha primeira passagem. Acabei disputando a Segunda Divisão, mas não conseguimos o acesso. Depois disputamos a Copa Lupi Martins e fomos campeões. Esse ano disputei o Gauchão pelo São José e depois voltei para cá com o objetivo de levar o Pelotas para a primeira divisão. Já marquei 35 gols com a camisa do Pelotas. O torcedor tem uma admiração, um carinho muito grande por mim, como eu tenho por ele também.
Como está teu contrato com o Pelotas?
Meu vínculo vai até o final da competição, dia 23. Depois não sei o que vai acontecer, se o Pelotas vai disputar a copa no segundo semestre, ou vai ficar parado.
Já pensas em parar?
A gente pensa sim, nunca se sabe. Mas até o momento em que tu estiver bem, com vontade de treinar, que o telefone toca e são times querendo que tu vá jogar, tem que manter. Acho que aqui no futebol gaúcho esse ano, tirando quem sabe o Taison, eu sou o maior goleador. Fiz treze no Gauchão, mais nove agora. Então é continuar fazendo gols, tendo a felicidade de não ter lesões – que é o que ajuda o atleta com uma certa idade.
O que um centro-avante precisa ter para ser um dos maiores da história do futebol gaúcho?
Tentar fazer sempre o melhor. Esse ano cheguei a cem gols em campeonatos gaúchos de primeira divisão. Acho que sempre buscar um objetivo em cada campeonato que disputa. Eu quero ser sempre o melhor na minha posição. Todas as vezes que eu acordo de manhã, vou para o treinamento pensando em fazer o melhor.
E quanto às características dentro de campo?
Centro-avante sempre tem que fazer gols, não tem muita escolha. Claro que às vezes muda muito de um atacante para um centro-avante, pelo porte físico. Às vezes velocidade, ou mais posicionamento. Eu com tempo aprendi que o posicionamento é muito importante. Aprendi com a experiência que não é bom tu apenas correr atrás da bola, às vezes é melhor tu esperar ela no momento certo.
Tu te lembras todos os clubes por que passou?
Olha, foram vários. Comecei no Ypiranga, de Erechim, em 96. Em 97, fui para o Internacional. Em 98, Juventude e Caxias. Noventa e nove, Ceará. No ano seguinte, joguei no futebol chinês. Em 2001, no Etti Jundiaí, que hoje é o Paulista. Em 2002, no 15 de Campo Bom e depois no futebol chinês de novo. Em 2003, joguei no 15 de Campo Bom. Em 2004, joguei no Glória, de Vacaria, depois fui para o futebol mexicano, onde fiquei até 2007. No segundo semestre, voltei para o Caxias. Em 2008, Veranópolis e depois Pelotas; e em 2009, São José e agora Pelotas de novo.
Que clubes tu jogaste no México?
Fui para o Necaxa, depois joguei no Jaguares, no Dorados e no Leon. Fui bem. Não fui goleador de nenhum torneio, mas chegamos numa final de campeonato mexicano. Foi muito bom para mim, o lado de conhecimento. O lado financeiro também foi muito bom.
E na China, como foi?
A China é um pouco mais complicado, por causa do idioma. Mas foi bom também. É um povo que acolhe muito bem o estrangeiro e gosta muito do futebol brasileiro. Nas duas passagens que estive lá acabei também fazendo gols e chegando às finais dos campeonatos. São coisas que ficam marcadas para sempre e que somente o futebol pode proporcionar.
Qual tu consideras teu melhor momento na carreira?
Acho que o melhor momento foi em 2004, quando estava no Glória e acabei fazendo 27 gols no Gauchão.
Matéria tirada do site: http://impedimento.wordpress.com/2009/08/11/terror-dos-barbantes-gauderios/ Trabalho de Felipe Prestes, cobaia da ImpedCorp no projeto piloto de financiamento de reportagens pelos rincões do Brasil.
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